A auto-estima policial
Nas últimas semanas estive muito ocupado tocando outros projetos, mas na realidade estive, também, muito pouco motivado para escrever sobre segurança pública, principalmente sobre a situação no Estado do Pará.
Gostaria, inclusive, aproveitando o espaço desse blog para divulgar o “Blog da Rede de Educadores Ambientais da BR 222”, que inclui os municípios de Ulianópolis, Dom Eliseu, Rondon do Pará, Abel Figueiredo e Bom Jesus do Tocantins, todos nos Estado do Pará. Onde se encontra artigos, dicas e idéias sobre educação e gestão ambiental. Merece ser visitado.
Bem, voltando ao assunto da segurança pública, recentemente realizei uma pesquisa monográfica em um município da região sudeste do Estado, e dentre alguns questionamentos levantados estava os seguintes pontos “Você se sente valorizado como policial” e “Você se sente respeitado como cidadão”, com intuito de analisar um pouco a percepção da valorização do aspecto profissional e da cidadania nos operadores de segurança pública. Apesar de não ser o ponto específico abordado na pesquisa mostrou-me como anda a auto-estima do policial. A pesquisa foi feita com 20 policiais militares de um total de 61 policiais militares naquela OPM.
Sobre a valorização como policial na Instituição, 70% disseram que não se sentem valorizados como profissionais pela própria instituição e 30% se sentem valorizados. Na comunidade, 60% disseram que não se sentem valorizados como profissionais pela comunidade e 40% disseram que se sentem valorizados como profissionais pela comunidade.
Sobre o respeito de sua cidadania, 70% disseram que são respeitados como cidadãos na Instituição e 30% disseram que não são respeitados como cidadãos na Instituição. Na comunidade, 90% disseram que são respeitados como cidadãos na comunidade e 10% disseram que não são respeitados como cidadãos na comunidade.
Esses números deixam bem claro que a auto-estima do policial militar como profissional precisa melhorar muito. Sempre apresento o argumento que o fato de sermos militares não que dizer que precisamos incorporar doutrinas oriundas das Forças Armadas. Não precisamos ser uma cópia do Exército Brasileiro, pois essa instituição tem como papel a defesa da nação e do regime democrático. Nós, policiais, temos o dever de proteger o cidadão e não o Estado.
É preciso acabar com esse sistema opressor e rígido, que impede a modernização de nossa estrutura organizacional. É necessário, que ocorram mudanças estruturais e não apenas de fachada, mudando o nome para “polícia cidadã”, “polícia comunitária”, “polícia interativa”, “policial cidadão” e outras graciosas formas de designar o conteúdo velho dentro de embalagem nova.
Nossos gestores têm que aprender os preceitos da gestão descentralizada, participativa e democrática. Deixar de pensar que o prédio do Comando Geral é um palácio, que eles são reis e o restante, ou é escravo ou é súdito. Enquanto se pensar dessa forma a auto-estima do policial vai está muito baixa e nossos gestores, longe de receber algum elogio de seus comandados, no mínimo sairão com fama de “covarde”, “ladrão” e “cabo velho”.
Deixe um comentário